sábado, 9 de março de 2013

Aspirina pode reduzir alguns casos de cancros hereditários para metade

"A aspirina, um dos medicamentos mais conhecidos e consumidos em todo o mundo, voltou a alargar os seus potenciais benefícios: o fármaco foi utilizado num estudo que seguiu cerca de 1000 doentes ao longo de dez anos e mostrou-se eficaz a reduzir o risco de incidência de cancros hereditários – sobretudo o cancro colo-rectal e o cancro do colo do útero.

A investigação, foi publicada na revista científica Lancet, coordenada pela Universidade de Newcastle e financiada pelo instituto Cancer Research do Reino Unido, e revelou que a toma regular de aspirina (cuja substância activa é o ácido acetilsalicílico) pode reduzir a incidência e a progressão de alguns cancros de base hereditária. (...) As conclusões agora publicadas mostram que, na amostra incluída no estudo, a incidência de cancro hereditário nos doentes que tomavam aspirina regularmente foi 50% inferior à dos que não a tomavam. 

A investigação centrou-se nas pessoas com síndrome de Lynch (1), uma doença genética que está relacionada com uma maior tendência para desenvolver alguns tipos de cancro, sobretudo do cólon e recto. Esta patologia afecta os genes responsáveis por detectarem e repararem danos no ADN. (...) O estudo olhou para qualquer tipo de cancro relacionado com esta patologia e descobriu que pelo menos 30% dos doentes que não tomavam aspirina desenvolveram um cancro, em comparação com os 15% que tomavam o fármaco.


Os investigadores esclarecem, contudo, que mesmo os indivíduos que tomavam aspirina desenvolveram pólipos(2) no intestino – formações apontadas como precursoras de cancro colo-rectal – mas não chegaram a desenvolver mesmo a doença. Um sinal de que a aspirina pode ajudar o corpo humano a destruir as células antes de se tornaram malignas.

(...) Patrick Morrison (da Queen's University, em Belfast, e um dos investigadores do estudo) alerta, contudo, que falta agora apurar qual a dose ideal deste medicamento centenário e os efeitos na população em geral e não apenas nos portadores de síndrome de Lynch.

(...)
Questionado sobre a forma de actuação da aspirina para permitir este tipo de resultados, Jorge Espírito Santo (presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos) concretiza que, em linhas gerais, o ácido acetilsalicílico inibe uma enzima relacionada com as inflamações, dificultando o processo carcinogénico.


Estima-se que pelo menos 10% dos cancros colo-rectais sejam hereditários. Este tipo de cancro é o segundo mais comum na Europa Ocidental. (...)"
(modificado)


Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/aspirina-pode-reduzir-alguns-casos-de-cancros-hereditarios-para-metade-1518659#comments (visto a 8/03/2013)
http://paoesaude.blogspot.pt/2011/10/aspirina-e-anticancerigena.html (visto a 9/03/2013)
http://boasnoticias.clix.pt/mobile/noticias.php?id=10462 (visto a 9/03/2013)
http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Aspirina-pode-reduzir-em-50-cancros-heredit%C3%83%C2%83%C3%82%C2%A1rios_8614.html (visto a 9/03/2013)
http://designinteligente.blogspot.pt/2007/09/dna-mutaes-e-mecanismos-de-reparao.html (visto a 9/03/2013)
http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(12)60209-8/fulltext (visto a 9/03/2013)
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_acetilsalic%C3%ADlico#Mecanismo_de_a.C3.A7.C3.A3o (visto 9/03/2013)
http://www.evitacancro.org/cancro-hereditario/sindromes-mais-frequentes/carcinoma-colon-recto-nao-polipose-sindrome-linch/ (visto a 9/03/2013)
Imagens: http://news.slnutrition.com/2012/02/suplementos-vitaminicos-reduzem-risco-de-cancer-de-colon/ (visto a 9/03/2013)

13 comentários:

  1. Quando fui procurar informação para elaborar o meu post ainda não tinha decidido qual o tema. Procurei por cancros hereditários e encontrei este artigo sobre um estudo realizado ao longo de uma década, que analisou 1.000 doentes com o apoio de cientistas e médicos de quase 20 países e de muitas instituições. Ao ler o artigo, notei que se afirmava que o cancro colo-rectal e o cancro do colo do útero eram cancros hereditários, não percebendo muito bem esta parte, uma vez que cancros hereditários são bastante raros pois resultam de alterações no DNA presentes em todas as células do indivíduo, manifestando-se muito cedo, por exemplo na fase embrionária que consequentemente pode levar a um aborto instantâneo por apoptose/necrose das células embrionárias. Ao continuar a ler consegui perceber que o que era hereditário era o Síndrome de Lynch (1), de transmissão autossómica dominante, (ou seja, tanto homens como mulheres podem ser infetados e em heterozigotia o síndrome manisfesta-se) e descobri também que indivíduos com este síndrome têm uma probabilidade próxima de 70% para desenvolverem cancro colo-rectal. Este síndrome é provocado por mutações nos gâmetas ao nível dos genes de reparação do ADN, em especial nos genes MLH1 e MSH2.
    Ao continuar a ler o artigo deparei-me com a palavra pólipos (2) que não sabia o seu significado, mas ao pesquisar fiquei a saber que são saliências que crescem em cavidades cobertas pelas mucosas locais e que o intestino grosso (cólon) é o principal ponto onde surgem os pólipos intestinais. São neoplasias (tumores) benignas que se formam devido a um crescimento anormal das células da própria mucosa; para se perceber melhor, comparam-se os pólipos a uma espécie de verruga no cólon. Existe um risco para se transformar em cancro dependendo do tipo de pólipo, apesar da maioria destes tumores serem lesões benignas.
    Por fim, cheguei à parte que mais interessava: perceber o modo como a aspirina atua sobre o cancro.
    A aspirina é essencialmente constituída pelo ácido acetilsalicílico que é, como todos os anti-inflamatórios não específicos, um inibidor não-específico da enzima ciclooxigenase que tem, por sua vez, um papel importante na procriação da inflamação. Em suma este ácido vai dificultar o desenvolvimento das células cancerosas (inflamação em causa) evitando também as metástases.
    Com esta pesquisa aprendi que no nosso corpo também se sintetizam enzimas “más”! - Ana Conceição

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  2. Achei muito interessante, por acaso, também tinha encontrado esta "noticia" se é o que se pode chamar, num dos sites que pesquisei, e fiquei pasmada com o facto de certas substancias que tomamos regularmente possam ter estes efeitos sobre o cancro, que é algo particularmente grave. Gostei.

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  3. Gostei! Nunca pensei que a aspirina tivesse tanta influencia no desenvolvimento de um tumor. Acho que conseguiste relacionar a matéria que demos no teu comentário ao post. Bom trabalho! :)

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  4. Uma substância tão simples e relativamente barata ter um efeito tão grande no corpo humano, algo que muitos de nós desconhecia. É um post interessantíssimo, e ainda mais por já termos estudado isso na sala de aula, não sobre os efeitos da aspirina mas sobre o cancro. Matérias que parecem tão simples na sala de aula (excepto nos testes) ter uma enorme aplicação na área da ciência. Gostei muito (: Xxx

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  5. É incrível que algo tão banal e acessível possa retardar o cancro :o Boa escolha de tema! ;) -Catarina

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  6. É de facto surpreendente que um medicamento tao comum como a aspirina possa produzir esses efeitos no nosso organismo. No entanto, acho que consumir aspirina regularmente vai causar dependência, o que pode não ser uma coisa boa. Gostei muito do post, achei muito interessante e surpreendente. Muito bem, Anazitaa

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  7. Sem dúvida que esta é uma excelente notícia. A aspirina, sendo um dos medicamentos mais consumidos pelas pessoas, conseguir evitar alguns tipos de cancro é fantástico.
    Gostei muito do post!
    -Elisabete

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  8. Desconhecia realmente que a toma regular da aspirina pudesse reduzir a incidência de cancro hereditário em 50%!!! Já tinha ouvido falar que a cafeína e outros alimentos que tomados regulamente ajudassem a reduzir a probabilidade de vir a ter cancro mas desconhecia o caso da aspirina... Gostei :)
    - Cristina

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  9. Post Bastante Adequado a meu ver! Como já referiram anteriormente é bom saber que um medicamento tão comum possa reduzir a incidência de cancro.A ciência cada vez vai se desenvolvendo mais e este é um bom exemplo disso Muito bom! Gostei Muito!!! Bom Trabalho Ana!

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  10. Bom e a ciência continua a evoluir! eu, tal como todos vós, fiquei pasmada como a aspirina pode ajudar a reduzir o numero de cancros. quem sabe se a cura para uma determinada doença não está mesmo ao nosso lado e o Homem ainda não pensou nisso..? Muito bem. Parabens.

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  11. Que interessante! Eu por acaso sou uma pessoa que costuma tomar aspirina em vez de paracetamol quando estou doente e nunca pensei que pudesse ter algum efeito para além de tirar a dor de cabeça e afins! Sei que são ainda estudos muito recentes mas as estatísticas são animadoras. No entanto é importante ter atenção porque, uma vez que estes são resultados que ainda se encontram a ser estudados , não se sabem ao certo quais os possíveis efeitos secundários de tomar muitas aspirinas pelo que não convém começar toda a gente a tomar aspirina dia sim dia sim só porque até parece ser uma coisa boa! Acho bastante interessante que um medicamento não “afete” apenas os sintomas de, por exemplo uma constipação, mas pode ir mais longe e chegar ao ponto de nos afetar a nível genético. Não tinha pensado nunca que tal seria possível. Estava muito giro. Muitos parabéns Ana!

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  12. Ana, o título deixou-me curiosa acerca de como a aspirina mata as células.
    Tu dizes que "a aspirina pode ajudar o corpo humano a destruir as células antes de se tornarem malignas" ?? Mas assim mata-as enquanto estão ainda funcionais e saudáveis ?! Fiquei confusa.
    Apesar de não ter ficado muito esclarecida quando li somente o post, explicas tudo no teu comentário acerca da atuação da aspirina e relacionas com o cancro hereditário.
    Foi uma ótima descoberta visto que a aspirina é um medicamento muito comum e assim conclui-se que tem muitos benefícios.

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    1. Olá Sara! Sim, tens razão para teres ficado confusa quando leste essa parte porque, sinceramente, também eu fiquei, mas logo a seguir conclui que eram as células dos pólipos que seriam destruídas, pois como leste, estes são precursores de um cancro, ou seja, são células que AINDA não são malignas e, por isso, são benignas. Só passam a ser malignas se continuarem a proliferarem-se gerando-se um cancro. Por isso é importante que estas células - do pólipo - sejam destruídas para o caso de se virem a desenvolver numa coisa muito má! É como se a aspirina agisse segundo o provérbio: mais vale prevenir que remediar! :D
      Espero ter esclarecido a tua dúvida!
      Ana Conceição

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